Resenha | “Brotherhood” de Mike Chen

A guerra começou. Apanhada de surpresa pelo conflito em rápida expansão, a oprimida Ordem Jedi apressou o avanço do treinamento dos Padawans para se integrar melhor ao Grande Exército da República e ajudar no esforço de guerra.

O recém-promovido Cavaleiro Jedi Anakin Skywalker está cada vez mais dividido entre seus crescentes deveres para com a República e seu casamento secreto com a senadora Padmé Amidala, enquanto seu mentor, Obi-Wan Kenobi, foi elevado ao Conselho Jedi sob o posto de Mestre.

À medida que as forças das trevas empurram os Jedi ainda mais em direção à sua transformação de guardiões em soldados, Anakin e Obi-Wan encontram-se em pé de igualdade, mas em caminhos opostos, cada um ponderando o significado de paz e justiça durante um tempo de guerra…

E com esse texto de abertura, Mike Chen nos entrega um dos melhores romances de Star Wars até então. Embora Brotherhood não seja o primeiro a narrar as Guerras Clônicas, a estreia do autor é repleta de ação e extremamente intimista, enquanto explora os primeiros dias do conflito que marcou o fim da Ordem Jedi e da República e aprofunda a questão do lugar dos Jedi em toda essa guerra. Anakin Skywalker acaba de ser promovido a Cavaleiro Jedi, enquanto Obi-Wan Kenobi foi nomeado interino para o Conselho, somado a tudo isso, um bombardeio em Cato Neimoidia deixa a República e os Separatistas culpando uns aos outros, ameaçando escalar o conflito para novos níveis.

Cato Neimoidia

Brotherhood é tanto sobre o relacionamento sempre crescente entre Obi-Wan e Anakin quanto sobre as mudanças que eles estão experimentando pessoalmente, seja com a Ordem, com os soldados clones, com o governo ou dentro de si mesmos. Eles estão separados durante a maior parte do livro, mas vemos os dois tentando se ajustar aos seus novos papéis, não mais como mestres e aprendizes, mas como irmãos e iguais.

Sendo um romance da era prequel, Brotherhood também nos mostra uma grande variedade de políticas e culturas na galáxia e, muitas vezes, coloca a República em julgamento pelas décadas de erros e negligências que alimentaram a causa Separatista. Embora nós fãs saibamos que essa guerra durará anos, nestes primeiros dias, há muita esperança de uma resolução rápida e pacífica. A combinação de relutância em comandar tropas e uma mentalidade firme de esperança pela paz impulsiona o ponto de vista e as motivações de cada personagem principal ao longo do livro.

O relacionamento de Anakin e Padmé também é explorado ao longo dos capítulos, conforme o jovem se ajusta ao seu novo casamento e seu novo braço mecânico, além de outros encontros bastante significativos como a primeira vez de Obi-Wan e Asajj Ventress. Ok, se esta frase teve algum cunho sexual, não é por acaso, embora não seja literal. A dinâmica do Jedi com a assassina, assim como na série, é permeada de momentos onde você pode encaixar a frase “se é que você me entende” ao final.

Existem diversas conexões com os filmes e sim, este livro nos mostra a versão canon “daquele negócio em Cato Neimoidia que não contava“. Para a versão legends, descubra aqui.

Alguns novos personagens coadjuvantes também se destacam como a guarda neimoidiana Ruug Quarnom e a jovem Jedi Mill Alibeth. Através de seus respectivos relacionamentos com Obi-Wan e Anakin, o autor entrega um profundo desenvolvimento dando-nos uma visão mais completa dos Neimoidianos: eles não são todos oportunistas e covardes como o Vice Rei Gunray e sua laia. Mill Alibeth surge aqui como uma “pré-Ahsoka“, lutando para se familiarizar com suas habilidades da Força, formando um pequeno vínculo com Anakin enquanto este luta para adquirir maturidade suficiente para lidar com a jovem.

É comum livros pregressos de Star Wars que são focados em personagens estarem recheados de alusões e easter-eggs dando dicas do destino dos mesmos. Mike Chen foge deste clichê e a sutileza do autor é a chave para tudo isso. Parece até que seus caminhos ainda não estão definidos e é assim que um autor deveria se posicionar.  A escrita é rápida, fluida e os capítulos são bem curtinhos, cada um com o nome do personagem de destaque da vez (estilo As Crônicas de Gelo e Fogo). A trama se move em um ritmo muito bom: não demora para apresentar suas resoluções, mas nem as entrega rapidamente. É o primeiro romance de Star Wars escrito por Mike Chen, mas eu torço muito que não seja o único!