RESENHA | Legado de Sangue, de Claudia Gray

Quando a Rebelião derrotou o Império nos céus de Endor, Leia Organa acreditava que era o início de uma paz duradoura. Mas depois de décadas de lutas internas e impasses partidários no Senado da Nova República, essa esperança parece uma memória distante.

Agora uma respeitada senadora, Leia precisa lidar com os perigos que ameaçam paralisar a incipiente democracia – tanto internos quanto externos. Chefões do submundo, políticos traiçoeiros e os ainda leais ao Império estão semeando o caos na galáxia. Desesperados por ações, os senadores estão clamando pela eleição de um Primeiro Senador. É a esperança deles de que este posto influente trará uma liderança forte para uma galáxia dividida.

Como a filha de Darth Vader, Leia enfrenta com desconfiança a perspectiva de qualquer pessoa estar em posição tão poderosa, mesmo quando partidários sugerem Leia para o trabalho. Mas um novo inimigo pode fazer desse caminho a única opção de Leia. Pois nas bordas da galáxia, uma ameaça misteriosa está crescendo…

Este review possui alguns spoilers, mas não vai estragar o final!

Nota do M’Y: 9.0 (de 0 à 10)

Opinião do M’Y: Star Wars: Legado de Sangue, de Claudia Gray, se passa seis anos antes de The Force Awakens e vale mais do que qualquer outro livro para o entendimento dele. É uma pena que tenham escolhido Aftermath – Marcas da Guerra para ser o carro-chefe do projeto Jornada para O Despertar da Força. Foi ruim tanto para aquele livro, que acabou não tendo quase ligação com o filme (à exceção do jovem Snap Wexley, piloto da Resistência em TFA) e frustrou muita gente, quanto para o filme.

Explico: em uma tentativa clara de se afastar das prequels, que costumam ter em sua política um dos elementos mais criticados, o time criativo limitou imensamente explicações do estado político da galáxia. É difícil para muitos entender que a Nova República e a Resistência são entidades separadas; que a Primeira Ordem não é o Império; que Hosnian Prime não é Coruscant (confusão comum até em grandes veículos de comunicação nos primeiros dias após o filme). A única cena que chegou a ser filmada com sentido político (e que aparece na novelização) é uma em que Leia manda a Comandante Korr Sella para o Senado tentar convencer a Nova República de que a Primeira Ordem iniciará uma guerra. É ela a morena que morre na destruição do planeta. Você sabia que existe uma senadora de Naboo chamada Thadlé Berenko naquela cena?

Seis anos antes de Hosnian Prime e seus planetas vizinhos virarem companhia para Alderaan, o Senado já havia se movido de Hanna City em Chandrila para a Republic City em Hosnian. Mon Mothma, a primeira Chanceler da Nova República se afastou por estar com a saúde delicada já há algum tempo e é mencionado várias vezes no livro que o papel do Chanceler nesta Nova República foi tão diminuído para evitar um novo Palpatine que acabou se tornando decorativo (olá Rainha Elizabeth). Apenas a personalidade de Mothma é que teria garantido o sucesso nos primeiros anos.

Assim, a Nova República está dividida em dois grandes segmentos: os centristas, que apoiam um governo galáctico centralizado e forte; e os populistas, que acreditam que o poder deva estar mais nas mãos dos planetas e menos no governo galáctico. Como boa ex-rebelde, Leia está presente nesse segundo grupo.

Nota: de acordo com um tweet de Pablo Hidalgo (Lucasfilm History Group), esta divisão política foi ideia de ninguém menos do que Rian Johnson, diretor do Episódio VIII!!! Ele também criou o “incidente do guardanapo”, que eu não irei explicar o que é! Fica o sonho deste que vos escreve de ver algumas dessas explicações indo parar na telona!

E aí vemos toda a política da Nova República de uma maneira bem feita e que faz o leitor se importar com o que está acontecendo. Isso não é uma crítica às prequels, é apenas uma informação de que, normalmente nos importamos mais com Leia do que Padmé. E é difícil ver Leia em algumas das situações mais emocionalmente complexas pelas quais ela já teve que passar, entre elas a revelação para o público de que ela é a filha de Darth Vader, informação que apenas ela, Han e Luke sabiam!

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A vida política de Leia depois da galáxia descobrir que Anakin Skywalker se tornou Darth Vader não é das melhores.

Se até agora parece que estamos vendo House of Cards galáctico, temos também bastante ação, passando pra um Game of Thrones galáctico sem o gore. Vemos aqui neste livro também a nossa velha Princesa Leia em ação muitas vezes. Ela é acompanhada por uma quantidade boa de personagens novos com quem você acaba criando uma relação. O Senador centrista Ransolm Casterfo, que esteve nas primeiras versões do roteiro que se tornou o Episódio VII é um deles. Não menos importantes para o livro são Joph Seastriker, um jovem Tenente da frota da Nova República e que quer grandes aventuras ao invés de apenas participar da esquadrilha da fumaça fazer vôos comemorativos em grandes eventos; Greer Sonnel, uma ex-piloto de corridas que é o braço direito de Leia na vida no Senado; Senadora Carise Sindian, que é também membro de uma família real, apesar de forte opositora das visões políticas de Leia; e, por fim, Korr Sella, ainda com 16 anos, iniciando sua vida política.

O livro também nos apresenta a relação entre Leia e Han que, embora casados, costumam passar muitos meses sem se ver: ela é incapaz de deixar a vida política, enquanto ele é um administrador de corridas espaciais (e eventual corredor). Mas, fique sossegado que ele consegue ter também sua parcela de ação.

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Greer Sonnel, ex-piloto de corridas e braço direito de Leia.

Legado de Sangue não é perfeito, porém. Falta à ele a capacidade de diferenciar um pouco Hosnian Prime de Coruscant, pois a vida nos dois planetas parece bastante similar. E alguém que espere que o livro revele como Ben deixou de ser Ben, reagindo à notícia de quem seu avô era, não ficará satisfeito. Luke e Ben são mencionados algumas vezes, sendo a maioria delas com Leia dizendo que não consegue contato com eles, pois eles estão andando por aí na galáxia. Isso algumas vezes é frustrante, mas adiciona um peso maior à já difícil relação entre os pais e o filho.

2 comentários

    • DeCocco em 26/10/2017 às 0:18

    O livro já saiu, em ebook antes e versão impressa. Mas eu achei o livro bem ruim. Os diálogos de Leia e do Casterfo são bem fracos. O flerte velado entre os dois não tem nenhum contexto. A tal de Lady Calrisian muito mal construída, ainda mais pertencendo à instituição que pertence. Casas Anciâs (?). Caixinha de música com revelações de Bail Organa num planeta sem expressão. O contexto político muito inverossímil. Gostei muito de Estreles Perdidas, e estava muito ansioso por esse livro. Foi bom pelas revelações. Mas muitíssimo mal escrito. Daria um péssimo filme.

      • Wallace Azione Rodrigues em 24/11/2017 às 14:29

      Concordo com você! Não acho o livro ruim…porém é muito decepcionante depois de toda a propaganda. Concordo 100% sobre a “Lady Carise Sindian”…muito mal desenvolvido…

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